Sobre a escolha de Carlos Moedas para a Comissão Europeia

O presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, anunciou ontem a escolha de Carlos Moedas para a pasta de Comissário Europeu da Investigação. Antigo Secretário de Estado-Adjunto do Primeiro-Ministro, nos últimos três anos Carlos Moedas foi o responsável pela ligação do Governo com a Tróica, tendo sido indicado por Pedro Passos Coelho ao novo presidente daquele organismo europeu para integrar o seu elenco de comissários..

Chega assim ao fim uma verdadeira telenovela, fazendo lembrar aquelas a que assistimos a propósito das transferências dos futebolistas, em que foram alvitrados diversos nomes, com olheiros e empresários do ramo  à mistura. Depois de alguma celeuma e jogos de bastidores, no final de Julho o Governo anunciou a sua escolha de Carlos Moedas, um “boy” do aparelho, homem de mão da tróica encarregado de implementar as políticas de destruição da economia nacional, de perseguição às famílias e às pequenas e médias empresas, que conta no seu currículo com algum tempo ao serviço da Goldman Sachs, essa mesma que muitos economistas acusam de, através de manobras pouco claras, ser a verdadeira criadora de crises para depois ir buscar os lucros através do FMI. Ou seja, eis a ascensão de uma verdadeira pérola, já bem lapidada, que vai ganhar um ordenado principesco, mostrando que Bruxelas paga bem aos traidores.

Também não podemos deixar de condenar esta roda de cadeiras e esta promiscuidade (quase sempre para premiar favores de gente cujo currículo é o cartão partidário ou apresenta competências de carácter duvidoso) entre serviços estatais e empresas privadas que não estão ao serviço das populações e dos países mas sim dos seus accionistas (a expressão “conflitos de interesses” vem-nos “vagamente” à ideia), tudo isto com a União Europeia pelo meio.