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A desertificação organizada

DesertificaçãoSegundo um levantamento realizado pela agência Lusa junto de entidades oficiais locais, foi possível verificar o encerramento, desde 2000, de nada menos de 6.562 organismos e serviços públicos, entre os quais 4.492 escolas, 249 extensões de saúde e 411 estações de correios, além da diminuição de 1.168 juntas de freguesia e do fim dos 18 governos civis.

Viseu, com 707, Santarém (535), Porto (514) e Aveiro (492) foram os distritos que viram mais serviços serem encerrados, seguidos de Viana do Castelo (460), Braga (452), Vila Real (439), Coimbra (435) e Bragança (420).

As escolas foram os serviços que mais encerraram, num fenómeno que foi acentuado entre 2005 e 2011, e Viseu, com 555 escolas encerradas, foi o distrito onde mais estabelecimentos fecharam, seguido de Santarém (413), de Aveiro (361) e de Viana do Castelo (354).

As câmaras municipais e também as administrações regionais de saúde referiram o fim de 249 extensões de saúde, nove blocos de parto e 104 outros serviços, incluindo-se aqui o fim do atendimento de urgências e a diminuição de valências e de horários de funcionamento das mesmas.

Quanto aos CTT, empresa entretanto privatizada, começou a perder estações sobretudo a partir de 2002, mas muitas autarquias relataram que ao encerramento têm correspondido acordos com juntas de freguesia e entidades privadas para manter junto das populações alguns dos serviços que lhes eram prestados.

Juntam-se ainda os encerramentos de 13 entidades de turismo neste período e 22 centros de segurança social, nomeadamente tesourarias, e 20 postos de GNR.

Cessaram ainda actividade 41 outros serviços públicos considerados pelas entidades locais como tendo especial importância para as suas populações específicas. Entre estes, foram referidos o fim da ligação aérea entre Bragança e Lisboa, de Zonas Agrárias (delegações do Ministério da Agricultura) e de cartórios notariais públicos.

No Alentejo, Marvão perdeu o comboio de passageiros e Beja perdeu a ligação ferroviária à Funcheira; no Algarve, em Silves, foi referido como importante o fim da paragem dos comboios no apeadeiro de São Marcos da Serra, povoação isolada com 1.500 habitantes, que ficam assim apenas com dois autocarros diários de segunda a sexta-feira ou sujeitos ao transporte particular para se deslocarem.

Entre os 155 serviços cujo encerramento está previsto para os próximos tempos destaca-se a extinção de 20 tribunais e a redução dos serviços em outros 27, que passam a Secções de Proximidade.

Nestas contas não foi incluído o previsível encerramento de repartições de Finanças, por não existir ainda uma proposta concreta do actual Governo neste sentido.

Números terríveis, negros, que só acentuaram o fosso entre o interior e o litoral, os pequenos e os grandes centros, e a migração para as áreas urbanas de maior dimensão. 

Alguns pontos de Portugal lembram um deserto, uma vez que, habitados por pessoas que viviam da exploração agrícola, viram os seus meios de subsistência ameaçados pela ditadura de Bruxelas e as suas condições essenciais de vida ameaçadas pelos governos PS/PSD/CDS.

Este cenário negro, estes encerramentos por questões economicistas, feitos cegamente e olhando meramente aos aspectos quantitativos, sem apreciar os qualitativos, são exemplares da incapacidade de quem nos tem desgovernado nos últimos 40 anos. 

Bem pode o PS falar no presente para fazer esquecer o passado, o PSD/CDS falar no passado para encobrir o presente e a esquerda trauliteira e demagoga fazer a habitual política de terra queimada, prometendo o que jamais poderia cumprir e sem justificar de forma realista onde iria buscar dinheiro para inverter a situação actual. Todos, de uma maneira ou de outra, são culpados deste cenário negro.

Mas a mudança é possível, com medidas que dotem o interior e as pequenas povoações de serviços essenciais a uma boa qualidade de vida, com uma nova e inteligente política de transportes que vença o isolamento e com o apoio ao crescimento e modernização de uma economia baseada na exploração dos recursos locais. O esquema é simples, e trata-se de um verdadeiro ovo de Colombo. Só falta a vontade política para o aplicar, indo contra a lógica de acumulação de pessoas nos grandes centros que os grandes lóbis económicos pretendem. E só falta os portugueses perceberem que só os nacionalistas, livres de lóbis e de sectarismos de classe, vêem o país e a economia de forma harmoniosa, percebendo que o contributo pode vir e deve vir de todos e não privilegiando este ou aquele grupo, este ou aquele sector da sociedade, esta ou aquela região, procurando em vez disso, com a contribuição de todos, gerar a riqueza de que todos vão beneficiar.

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