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Da cretinice em ascenso

Por: João Martins

Temos para nós que a estupidez despreza-se e a ignorância combate-se. Um exercício nem sempre passível de espontânea realização porque, não poucas vezes, a estupidez e a ignorância andam de mãos dadas. A manifestação mais recente disso mesmo, foi corporificada pelo deputado socialista Ascenso Simões, o qual, malgrado a posição institucional que detém, revela ser um entranhado reincidente na bernardice e na insciência, tal como ficou evidenciado no artigo de opinião de sua autoria no jornal Público, de 19 de Fevereiro, onde, sem atender à vergonha alheia, Ascenso Simões abolçou a sua pessoal asnice, afirmando que “o 25 de abril de 1974 não foi uma revolução, foi uma festa. Devia ter havido sangue, devia ter havido mortos”, para rematar em seguida que “o Padrão (dos Descobrimentos), num país respeitável, devia ter sido destruído”.

Ainda que dessas declarações desejássemos apartar a estupidez da ignorância, isso seria impossível pela sua patente combinação.

É certo que o Estatuto dos Deputados, no Artigo 10.º, do Capítulo II, garante a estes a prerrogativa de não responderem “civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções”, uma inexplicável imunidade, apenas tolerável em crianças ou em desvalidos intelectuais, que cauciona a possibilidade de se propalar disparates a jusante, pois, caso assim não fosse, este deputado teria sido de imediato destituído da função se atendermos à lógica premissa de que um povo não pode ter como representantes aqueles que odeiam a sua História e património, até porque, importa recordar ao deputado Ascenso e quejandos, que a esquerdista Constituição da República estabelece – neste caso acertadamente, diga-se – no Artigo 9.º como tarefas fundamentais do Estado o seguinte:

  1. e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correto ordenamento do território;

Compete, pois, ao Governo cumprir e fazer cumprir a Constituição, não sendo senão de esperar do Primeiro-Ministro, numa primeira instância, o veemente repúdio por estas aparvalhadas declarações.

No que concerne às aldrabices de Ascenso Simões, o dever de dizer a verdade impõe esclarecer que o frenesi revolucionário desencadeado pelo 25 de Abril fez derramar sangue, muito sangue. Sem referir os incontáveis episódios de violência selvática que tiveram lugar na metrópole, basta considerarmos os milhares de brancos e pretos chacinados por serem contrários à entrega das províncias ultramarinas aos grupos terroristas marxistas. Entre eles encontram-se os camaradas de armas de Marcelino da Mata, abandonados pelo infame MFA, na Guiné, e executados pelos camaradas do Ascenso, os esquerdistas do PAIGC.

Um festim de sangue resultou, pois, do 25 de Abril, mas percebemos que para Ascenso Simões não foi satisfatório, se tivermos em conta as experiências socializantes na Rússia, China, Cambodja e um vasto vermelho etc., onde o tiro na nuca foi a prática comum aplicada aos “inimigos da revolução”.

Quanto à demolição do Padrão dos Descobrimentos proposta pelo deputado Ascenso, não se julgue que tal emana apenas de um espírito asselvajado, anormal ou excêntrico. Na realidade, tem raízes profundas e a esse propósito recorde-se que já em 1922 os camaradas esquerdistas do indigno deputado fizeram dinamitar a Capelinha das Aparições da Cova da Iria, em Fátima. O recente ataque à estátua do Padre António Vieira insere-se na lógica de um quadro mental marxista que defende a necessidade de fazer tábula rasa do passado com vista à edificação de uma sociedade socialista.

Porém, esta iconoclasia de Ascenso Simões, aquilo que designa por “corte epistemológico”, ou seja, o corte com a memória imperialista, colonialista e fascizante, depara-se de imediato com questões de coerência. Vejamos, se o Padrão dos Descobrimentos “é um dos grandes monumentos do regime ditatorial” e, por conseguinte, deve ser demolido, na esteira desse raciocínio ter-se-á de eliminar igualmente a densa rede de escolas primárias, vias férreas, um amplo conjunto de museus, assim como, inumeráveis edifícios públicos cuja traça arquitectónica é marcadamente Estadonovista, ou a tão necessária Ponte Salazar.

Ora, o talibanismo anti-imperialista e anti-colonialista de Ascenso Simões revela uma amplitude limitada, está historicamente localizado e demonstra ser ideologicamente selectivo, produto de uma cartilha ideológica onde se evidencia um ressentimento rançoso face ao Estado Novo e à figura de Salazar e no qual não cabe a tão necessária coerência de princípios, já que essa implicaria, e apenas para dar alguns exemplos, a denúncia da I República, também ela vincadamente colonialista, a destruição do complexo museológico de Conimbriga ou do Templo de Diana, em Évora, enquanto símbolos do imperialismo de Roma, ou ainda o apagamento histórico da figura de Camões, o poeta maior, que n’Os Lusíadas glorifica a gesta do Portugal imperial, e passou grande parte da sua vida a guerrear em terras do além-mar.

Estamos cientes de que Ascenso Simões sentiu os ventos destrutivos que se sopram nos países anglófanos, alimentados por movimentos esquerdistas como o Black Lives Matter e a sua animalesca tendência para derruir estátuas, e também sabemos que o deputado, e a frívola esquerda deste rectângulo português, gostariam de mimetizar esses movimentos. Porém, chamamos a atenção, a Ascenso Simões para estas questões: não são os cidadãos imigrantes provenientes dos países que foram outrora províncias ultramarinas os resquícios do colonialismo salazarista? Acaso está disposto a ser consequente com aquilo que advoga e propor a remigração de todas essas pessoas?

Ascenso Simões afirma estar empenhado em confrontar o passado e em livrar-nos a todos dos “elementos que são danosos da construção de uma democracia plena”, o que, todavia, não nos deixa seguros quanto à nobreza de tamanho intento, contanto que, em apenas 33 anos, o Partido Socialista, pelo qual é deputado, já demoliu todo o país com os três resgates do FMI e que a história de Portugal nos últimos 46 anos tem-se pautado pela grosseira decadência do país através da bancarrota, da corrupção sistémica, do retrocesso educacional, do défice democrático, da doutrinação permanente nos canais públicos, da crescente censura, da galopante insegurança.

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