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Carta aberta a António Marinho e Pinto

De Miguel Costa MarquesSou suspeito para falar sobre António Marinho e Pinto, desde logo porque sou, e com que honra, seu Amigo, não obstante estarmos nos antípodas políticos um do outro.

Sou daqueles que estiveram com ele desde a primeira hora nos combates que travou na Ordem dos Advogados, como também sou daqueles que não o apoiaram nesta sua aventura política e, muito menos, votei na lista que ele encabeçou ao Parlamento Europeu nas últimas Eleições Europeias.

Considero que, enquanto Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto foi o melhor Bastonário que até à presente data passou por aquela casa.

Com António Marinho e Pinto, a Ordem dos Advogados deixou de ser um couto de caça dos grandes escritórios de Lisboa, que a governavam e se governavam à sua custa. Deixaram de haver advogados de primeira e advogados de segunda consoante o local onde exercem a sua profissão. Introduziu-se uma política de rigor no acesso à profissão. Passou-se a ter um discurso centrado na defesa dos legítimos direitos e interesses dos cidadãos, defesa essa que deve ser assegurada pelos advogados. Passou-se a falar de Justiça, apontando-se muitos dos problemas de que a mesma padece e apresentando-se soluções alternativas, registando-se um particular cuidado de aproximar a Justiça dos cidadãos, para que estes voltassem a acreditar nela.

Para mim, António Marinho e Pinto foi e sempre será o meu Bastonário.

Porém, a sua passagem pela política está a ser um autêntico desastre. E digo isso com total independência e total imparcialidade, pois, repito, não votei na lista que liderou nas últimas Eleições Europeias.

António Marinho e Pinto serviu-se de um partido, o MPT, para se candidatar ao Parlamento Europeu, numa situação em que o MPT mais não foi do que uma barriga de aluguer para que o ex-bastonário se candidatasse a um lugar naquela instituição.

Fruto da credibilidade que granjeou junto da opinião pública enquanto Bastonário da Ordem dos Advogados, conseguiu que a lista por si encabeçada elegesse dois eurodeputados. Mas, uma semana após tomar posse, anunciou que daí a um ano iria renunciar ao mandato de eurodeputado, de modo a ir disputar as Eleições Legislativas. Pouco depois, rompeu com o MPT, anunciando então a criação de um novo partido, com o qual se apresentará às Eleições Legislativas.

Estas cambalhotas e piruetas que António Marinho e Pinto fez nesta sua incursão pela política em nada o dignificam, o enobrecem e o credibilizam. Antes pelo contrário. António Marinho e Pinto está a comportar-se como mais um político deste sistema podre e decadente, sistema esse que ele, enquanto Bastonário da Ordem dos Advogados, combateu.

Portanto, e como Amigo que sou e me prezo de ser de António Marinho e Pinto, dirijo-lhe aqui um apelo e dou-lhe um conselho: saia da política e venha fazer aquilo que bem sabe fazer, que é ser advogado. Venha lutar pela defesa da Justiça, que se encontra num coma profundo por causa das atrocidades que este Governo está a cometer, e das quais a aberrante reforma do Mapa Judiciário constitui exemplo notório e flagrante. Junte-se aos seus Colegas nesta luta pela dignificação e pelo prestígio da Justiça, contribuindo com as suas excelentes ideias e estando na primeira linha do combate. Os advogados e os cidadãos precisam de si não como mais um político capaz das mais incríveis piruetas, mas sim como um homem capaz de lutar pelo prestígio e pela dignificação da Justiça.

Miguel Costa Marques | Advogado e Membro do CJN do PNR

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